Boas práticas do estágio supervisionado de Licenciatura em

January 11, 2018 | Author: Anonymous | Category: N/A
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10º Congreso Argentino y 5º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias

BOAS PRÁTICAS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA Taís de Carvalho Universidade Federal de Ouro Preto/MG- Brasil [email protected] Maria Teresa Sudário Rocha Universidade Federal de Ouro Preto/MG- Brasil [email protected] Emerson Cruz de Oliveira Universidade Federal de Ouro Preto/MG- Brasil [email protected] Resumo: O presente estudo tem como objetivo discutir as atividades realizadas no Estágio Supervisionado em Educação Física para o Ensino Fundamental, a fundamentação teórica utilizada para montagem das aulas, além de analisar a participação e desenvolvimento dos alunos. Portanto são discutidas

as

características

das

abordagens

pedagógicas

escolhidas

(Construtivista e Desenvolvimentista) e a participação dos alunos. Foi possível estabelecer uma comparação entre as duas abordagens utilizadas, verificando as variações dos objetivos das aulas, da forma de mistura-la e também as diferentes formas de avaliação que aconteceram em função da idade dos alunos. Palavras

chave:

Educação

Física;

Ensino

Fundamental;

Abordagem

Construtivista; Abordagem Desenvolvimentista. Introdução O presente estudo tem como objetivo discutir as atividades realizadas como requisito para a conclusão do Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Fundamental e a fundamentação teórica utilizada para montagem das aulas, além de analisar a participação dos alunos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) resultam de um trabalho realizado por especialistas e educadores de todo o Brasil. Foram feitos para auxiliar as equipes escolares na execução de seus trabalhos e servem de estímulo e apoio à reflexão sobre a prática diária e ao planejamento de aulas. Assim, os esportes, os jogos, as lutas e as ginásticas compõem um dos blocos

La Plata, 9 al 13 de septiembre de 2013 ISSN 1853-7316 – web: http://congresoeducacionfisica.fahce.unlp.edu.ar

de conteúdos a ser trabalhado no Ensino Fundamental para alcançar os objetivos da Educação Física (EF) (BRASIL, 1998). Dessa forma estes conteúdos foram sistematizados nos planos de aula sendo que, nos anos iniciais foram trabalhados os jogos e brincadeiras da Cultura Popular, e a abordagem pedagógica utilizada foi o Construtivismo, baseandose principalmente nas ideias de João Batista Freire (2008). Nos anos finais, foi trabalhado o atletismo, futsal, handebol e ginástica rítmica e para estes conteúdos,

foi

utilizada

a

abordagem

pedagógica

Desenvolvimentista,

baseando-se em autores como David Gallahue e John Ozmun (2001) e GoTani (2008). A abordagem Construtivista preconiza a formação integral dos alunos, onde a intenção é construir conhecimentos a partir da interação desses alunos com o mundo durante toda a vida, através de uma ação sobre ele (BRASIL, 1998; NIEMANN; BRANDOLI, 2012). Freire (2008) propõe como tarefa da EF o desenvolvimento de habilidades motoras, realizado através de jogos e brincadeiras, a partir de um universo cultural infantil, sendo que os conteúdos devem ser desenvolvidos numa progressão pedagógica. A proposta também levanta a questão da importância de se considerar o conhecimento que a criança já possui (DARIDO, 2011). João Batista Freire direciona as ações desta abordagem, a partir de três pilares: A educação Motriz, a educação Simbólica e a educação dos Sentidos. A primeira é entendida como o conjunto de habilidades que permitem ao homem produzir conhecimento e se expressar (DARIDO, 2011). A educação dos símbolos se refere à representação corporal do imaginário, onde predomina a fantasia. Na sua imaginação a criança pode modificar sua vontade, usando o "faz de conta", normalmente, tem como características a liberdade de regras (exceto as criadas pela criança) e o desenvolvimento da imaginação e da fantasia (FREIRE, 2005). A educação dos sentidos é desenvolvida considerando que a capacidade de brincar também precisa ser aprendida (ALVES, 2012). De acordo com o autor, os sentidos – olfato, audição, visão, tato, gosto - são a forma de conhecer o mundo e interagir com ele, além de se divertir neste mundo. Para que a educação ocorra, deve

predominar o jogo educativo, ou seja, como recurso pedagógico, vinculado a um projeto pedagógico (BETTI; KURIKI, 2011). Nos anos finais, foram trabalhados o atletismo, futsal, handebol e a ginástica rítmica em uma perspectiva Desenvolvimentista. A abordagem Desenvolvimentista é baseada em uma tentativa de caracterizar a progressão normal do desenvolvimento, na aprendizagem motora e, em função destas características, sugerir elementos relevantes para a estruturação da EF. A função da aula não é desenvolver capacidades que auxiliem a alfabetização e o pensamento lógico-matemático, por exemplo, embora tal possa ocorrer como um subproduto da prática motora (TANI; 2008). Assim, o movimento é o principal meio e fim da EF, propugnando a especificidade do seu objeto (BRASIL, 1998). Na abordagem desenvolvimentista: A   Educação   Física   deve   proporcionar   ao   aluno  condições para que seu comportamento motor seja  desenvolvido   pela   interação   entre   o   aumento   da  diversificação   e   a   complexidade   dos   movimentos.  Assim,   o   principal   objetivo   da   Educação   Física   é  oferecer   experiências   de   movimento   adequadas   ao  seu nível de crescimento e desenvolvimento, a fim  de que a aprendizagem das habilidades motoras seja  alcançada. (BRASIL, 1998, p. 24).

Conteúdos da Educação Física trabalhados no estágio Em todas as aulas, era feita uma avaliação e várias observações nos planos de aula desenvolvidos, a fim de se fazer uma análise crítica de todos os acontecimentos da aula. Ginástica Rítmica A Ginástica Rítmica (GR), desenvolvida nos anos finais do Ensino Fundamental foi uma experiência enriquecedora, sendo que as habilidades observadas foram: a corrida, movimentos axiais e equilíbrio dinâmico. A maioria dos alunos realizam estas habilidades em um nível iniciante, onde o aluno tenta desenvolver um plano mental consciente das exigências da tarefa, assim, o

desempenho é variável (GALLAHUE; OZMUN, 2001). Os mesmos autores preconizam que os alunos deveriam estar no estágio de aplicação das habilidades motoras especializadas das ginásticas. A partir de estafetas foram realizados movimentos específicos com a fita e as maças. Acreditava-se que a dificuldade estaria na aceitação dos meninos, já que a modalidade é exclusivamente feminina, mas isto não aconteceu. A explicação das regras oficiais, só aconteceu ao fim das atividades, seguida de uma discussão crítica sobre os motivos pelos quais só as mulheres podem competir na modalidade. Os meninos se mostraram indignados, pois gostaram muito

dos

aparelhos

e

dos

movimentos,

ficando

interessados

instantaneamente. Nas aulas, o único problema era a distração dos alunos, que demonstravam fixação apenas pelos aparelhos, por ainda estarem em seleção primária das informações (SAMULSKI, 2000). Futsal Durante a atividade de futsal, notaram-se as dificuldades das alunas em receber a bola e domina-la para chutar. Ou seja, as meninas apresentam dificuldades tanto motora como cognitiva. Em todas as atividades estes alunos demonstraram dificuldades em desenvolver os fundamentos do esporte. De acordo com Gallahue e Ozmun (2001), crianças entre 11 e 13 anos devem estar na fase dos movimentos especializados, o que não acontece com as turmas acompanhadas, indicando que talvez haja déficit de atividades nas aulas durante os anos anteriores. Atletismo As atividades baseadas nos conteúdos de Atletismo foram realizadas com os anos finais. Alguns bastões foram confeccionados e as atividades foram muito bem desenvolvidas. A corrida dos alunos estava em um nível intermediário, onde eles têm um entendimento dos requisitos da tarefa e desempenham de forma aproximada os requisitos das habilidades de correr (GALLAHUE; OZMUN, 2001), o que demonstra um baixo desenvolvimento dessa habilidade em momentos anteriores.

Foi possível abordar diversos conteúdos do Atletismo, pois é uma modalidade que em alguns casos requer poucos materiais, que podem ser adaptados e confeccionados. Quando os alunos começam a se envolver, gostam muito das atividades, ainda adicionando-se o fato de que a competição os motiva ainda mais (FERREIRA, 2000; NASÁRIO, 2008).

Handebol Nas aulas com os conteúdos do handebol, pôde-se destacar a vivência de alguns alunos que puderam auxiliar os colegas no momento da aula. A fim de trabalhar os conteúdos de forma que não excluísse qualquer aluno, foram realizadas variações, a partir do momento em que foi observada exclusão seja ela, por sexo, por dificuldades em conduzir a bola, ou mesmo pelo desejo de estar sempre vencendo. Ocorreu então troca de posições, e os alunos só iriam marcar gol se a bola passasse pelas meninas. O que suscitou uma participação de todos os alunos igualmente. Jogos e Brincadeiras Com os alunos dos anos iniciais, foi usada a abordagem Construtivista a fim de construir o conhecimento em quadra e de resgatar as brincadeiras da cultura popular que tem perdido espaço para a tecnologia. Os alunos de uma turma do 5º ano tiveram a oportunidade de assimilar o conteúdo proposto com a realidade que os cerca. Como por exemplo, na brincadeira do “policia e ladrão”, alguns fugiam do local definido como “prisão”, assim, no momento da avaliação/reflexão, foi perguntado a eles o porquê da conduta e a reposta foi que “a cadeia é um local ruim onde ficamos isolados da sociedade e da família, não queremos isso”. Foi falado então de condutas que desciam do caminho correto e trabalhando a construção dos bons valores, colocando em prática a dimensão Atitudinal de conteúdos (BRASIL, 1998), onde são trabalhadas as normas, atitudes e valores, a partir dos conteúdos. A criança possui um conhecimento muito importante, para Freire (2008), a criança é um especialista em brinquedo. Com isso é preciso trabalhar a cultura

de jogos e brincadeiras e outras atividades que compõe o universo cultural dos alunos (DARIDO, 2011).

Dificuldades nas escolas A falta de material da escola municipal foi um fator preocupante, pois a professora precisa de qualidade para melhorar o trabalho desenvolvido. Mas mesmo com os materiais precários, as aulas foram realizadas com qualidade. O espaço é pequeno e descoberto, sendo que, no calor excessivo e na chuva, não há como realizar atividades fora de sala. A escola estadual não utiliza nenhuma das abordagens pedagógicas escolhidas pelas estagiárias, fato que dificultou o trabalho, pois se a escola trabalhasse, por exemplo, a construtivista, os alunos estariam mais abertos a discussões aprofundadas durante as intervenções. E se trabalhassem a abordagem desenvolvimentista, os alunos conseguiriam executar movimentos considerados simples nas suas respectivas idades. A falta de reconhecimento da EF no ambiente escolar é bastante visível, pois alguns professores falavam mal da disciplina e que esta não contribuía para a formação integral dos alunos. Nesse período a escola e a disciplina de EF passaram por mudanças em virtude da resolução Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (SEE) nº 2.253 publicada no dia 09 de Janeiro de 2013. Segundo o Art. 4º da Resolução “Nos anos iniciais do Ensino Fundamental os componentes curriculares de EF e Educação Religiosa serão ministrados pelo próprio regente da turma, exceto quando na escola já houver professor efetivo ou efetivado pela Lei Complementar nº 100, de 2007, nesses componentes curriculares”. A falta do reconhecimento do professor de EF diante do estado provocou um pouco de desestímulo em relação à profissão. Considerações finais As escolas onde foram realizados os estágios são bem estruturadas, com um corpo docente e administrativo muito bem preparado, onde todos trabalham em conjunto em prol da formação integral dos alunos. Este fato trás uma grande aproximação de todos os alunos de todas as idades e também de todos que

trabalham no local. Apesar de pequenos percalços, a relação com os alunos foi ótima, sendo criados laços com todos. A relação com os professores e funcionários em geral das escolas também foram ótimas. Especialmente com as professoras de EF, foi possível manter uma boa relação, sendo que se tentou contribuir com o planejamento de cada uma, dando continuidade aos conteúdos trabalhados e até mesmo introduzindo novos. Estabelecer uma comparação entre duas abordagens na prática, também foi excelente, pois foi possível observar as variações dos objetivos das aulas e também as diferentes formas de avaliação. Sendo que a diferença de idade nas turmas é determinante para o tipo de abordagem e como a aula deve ser conduzida pelo professor. O tempo dentro do ambiente escolar trouxe um grande conhecimento sobre a realidade. Esta realidade mostrou que, apesar dos desafios durante o exercício profissional, trabalhar nesta área é uma coisa perfeitamente possível e prazerosa, quando se tem o apoio e valorização de toda a escola. Esta vivência desenvolveu uma maior vontade de atuar na área, a fim de trazer alguma mudança/melhora no cenário atual da EF.

Referencias

ALVES, R. Educação dos Sentidos e Mais... 8ª ed. Campinas, SP: Verus Editora, 2012. BETTI, M., KURIKI, F. As proposições teórico-metodológicas para a Educação Física escolar das décadas de 1980 e 1990: antes, agora, e depois? Lecturas: Educacación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, v. 15, n.153, fev. 2011. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd153/as-proposicoespara-a-educacao-fisica-escolar.htm>. Acesso em: 20 jan.2013. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros

Curriculares

Nacionais

(Ensino

Fundamental).

Brasília:

MEC/SEF, 1998. DARIDO, S. C. Educação Física Na Escola: Questões E Reflexões. 5a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. FERREIRA, M. S. A competição na Educação Física escolar. Motriz (Rio Claro), Rio Claro - SP, v. 6, n.2, p. 97-100, 2000 FREIRE, J.B.; LISBOA, A. A Inteligência em Jogo no Contexto da Educação Física Escolar. Motriz (Rio Claro), Rio Claro, v. 11, n. 2, p. 121-130, 2005. FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro. Sao Paulo: Scipione, 2008. 4ªed. 224p. GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças e Adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2001. NASÁRIO, J. C. Competição na Educação Física escolar: um estudo de representações sociais de professores. In: VIII Congresso Nacional de Educação da PUCPR, 2008, Curitiba. VIII Congresso Nacional de Educação EDUCERE, 2008. NIEMANN, F. A. ; BRANDOLI, F. Jean Piaget: um aporte teórico para o construtivismo e suas contribuições para o processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa e da Matemática. In: IX ANPED SUL Seminário de

Pesquisa em Educação da Região Sul, 2012, Caxias do Sul. A PósGraduação e suas Interlocuções com a Educação Básica, 2012. SAMULSKI, D. Treinamento psicológico de atletas de alto nível. In.: K. Rubio (org.) Encontros e desencontros: descobrindo a psicologia do esporte. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. TANI, G. Abordagem Desenvolvimentista: 20 Anos Depois. Revista da Educação Física/UEMv. 19, n. 3, p. 313-331, 3. trim. 2008.

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