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February 22, 2018 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Aprendendo com os Grandes Incêndios  

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Negrisolo, Walter Bombeiro (RR). Dr. pela FAU/USP. Membro do GSI – Grupo de Fomento à Segurança Contra Incêndio (NUTAU – USP).

15/07/2016

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Na História: Vitruvio- Segurança Contra Incêndio  





Tratado de Arquitetura (2000 anos). Livro 2 – (materiais) Cap. I- Da descoberta do fogo à socialização (antropologia). Cap. 9 – Madeira – Da importância do “larício” (conhecimento da resistência ao fogo desse material) para se controlar incêndios. A importância de se conter a propagação vertical (para cima). (Aplicar nas “cimalhas”).

Larício 

Tipo de “pinus” resinoso

Cimalha

Incêndios em cidades  



Incêndio de Roma (64) “Criação dos Vigili del Fuoco”. Cuidar dos fogos – iluminação, cocção.

Incêndio em cidades 



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Londres (maior em 1666); Já em 1189. URBANISMO – Ruas estreitas. ARQUITETURA Chaminés construídas em alvenaria. Paredes de divisa em alvenaria.

Incêndios em cidades  

(Roma – Londres – Chicago, etc.). Não mais ocorrerão, em função da “urbanização do automóvel”. Deflagração de hoje ocorre em grandes edificações (Ed. Elevados; Aeroportos; Centros de Compras; Centros de Exposições; Ocupações Desordenadas, etc.).

Barcelona – Plano Urbanístico

Barcelona – Foto Aérea

Tempos modernos – surge com a proteção ao patrimônio (EEUUA)   



1º “Manual” 1896, anterior à National Fire Protection Association – NFPA (1898). Origem: as Cias Seguradoras. Objetivo: facilitar inspeções (patrimônio). Possuía 183 pg. 86 sobre hidráulica (spk 39) – Engenharia. Filosofia: fazer segurança contra incêndio consistia em controlar ou extingui-lo (o particular ou o poder público).

Tecnologia impactando o ambiente construído. 



O surgimento do elevador seguro (Otis – 1852) e elétrico (Siemens 1880) possibilita projetar e construir prédios elevados. Não se percebeu como a mudança tecnológica impactaria a segurança contra incêndio.

Edifício elevados – Chicago (1885) – S. Paulo (1929)

Os “fatos” nos EEUU- Incêndios 







Teatro Iroquois 30/02/1903 – 1600 – vitimou 600 (plateia). – Chicago. Opera Rhoads – 13/01/1908 - Pensilvânia – 170 vítimas. Escola Elementar Collinwood – Lake View 04/03/1908 – 172 crianças e 2 professores. Triangle Shirtwaist Factory – 25/03/1911 – NY – 146 pessoas.

15/07/2016

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Triangle Shirtwaist

Inicia-se a preocupação com a “VIDA”   

A NFPA amplia sua missão para a proteção “à vida” e não somente ao patrimônio. Cria-se o Comitê de Segurança da Vida (origem do NFPA 101 – Life Safety Code). 5º edição do Manual de Proteção Contra Incêndios da NFPA, em 1914, começa a tratar do tema escadas, saídas, exercícios de abandono.

Tecnologia e Arquitetura adicionando mais risco à altura: a fachada de vidro Edifício Gustavo Capanema -1938 - RJ)

Os incêndios do Brasil 





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1961 Gran Circo Norte Americano – Niterói – 500 vítimas fatais (v.f.). 1963 - Astória - Rio de Janeiro – 4 v.f. Nos anos 70 surgem os primeiros cursos de segurança contra incêndio, no exterior, sob o enfoque da engenharia. Área é inicialmente denominada Engenharia de Segurança Contra Incêndio. Hoje já se fala em Ciência da Segurança Contra Incêndio (Fire Safety Science). 1972 – Andraus – 16 v.f e 336 feridos. 1974 – Joelma – 179 v.f. 2013 - Kiss – 241 – v.f.

Niterói - 1961: Gran Circo – 500 v.f.

RJ - 1963: Edifício Astória – 4 mortos

Andraus - 1972 (Fachada de Vidro)

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Andraus (Fachada de Vidro)

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Dados do Incêndio do Andraus    



Aproximadamente 1000 ocupantes. Piso de 1104 m² (48 X 23 m). Escada com largura de 1 metro, em caracol. Fachada (toda tomada pelo fogo) com 100 m de altura. 16 vítimas fatais.

Andraus – corte-ocupação

Andraus– pavimento tipo

Calor Radiante.Salvamento.

Revista Veja 

Edição 182 de 1º de março de 1972 – página 14. Titulo da reportagem:



“A cidade venceu o fogo!”

Joelma

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Joelma

Joelma

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Joelma - Fachada e áreas frias

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Joelma 







756 pessoas no prédio, 601 nos andares envolvidos pelo incêndio (14 andares). 422 sobreviventes, dos quais aproximadamente 300 escaparam pelos elevadores. Fatais: 179 - 90 na cobertura (81 sobreviveram), 49 em diferentes locais e 40 saltaram. A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO NO BRASIL “NASCE” APÓS O INCÊNDIO DO JOELMA (SEMINÁRIO FEDERAL EM 1974).

40 vítimas se projetaram do edifício

Joelma - tipo

Incêndio em Local de Reunião de Público (EEUU – por facilidade de acesso a dados) 







COCOANUT GROVE– Boston-Clube Noturno, 1942. 492 vítimas fatais. OUR LADY OF ANGELS SCHOOL – 1958 – Chicago - 92 alunos e 3 freiras. BEVERLY HILLS SUPPER CLUBSouthgate, Kentuck - Clube Noturno – 1977 164 vítimas fatais. THE STATION – Rhode Island- 2003- 100 vítimas fatais.

Local de Reunião de Público 

10 anos antes da Kiss, The Station – danceteria Rhode Island EEUU).



TSE Station – antes.



The Station – o evento.

Em todos esses incêndios ocorreram basicamente Ausência de alguém responsável pelo sistema de gestão de emergências, ou seja, os planos, treinamentos, manutenção de equipamentos, ações de prevenção, etc. 2. Problemas graves com a circulação/escape, por:  obstrução, (sentido de abertura das portas, obstáculos, etc.);  Subdimensionamento dos elementos de circulação e/ou saída. 3. Destaque: na The Station os elementos de circulação (escape/saídas) existiam e estavam dimensionados de acordo com a HFPA-101 – Life Safety Code. Outros incêndios ocorreram por perto, logo após a The Station e antes da Kiss. 1.

Incêndio–Ycuá Bolaños 464 mortos 409 feridos

Incêndio–Ycuá Bolaños  





Agosto/2004 Supermercado Ycuá Bolanos (Paraguai). Saídas de emergências trancadas para evitar saída de produtos sem pagamento. Falta de controle de materiais de construção e acabamento.

Incêndio - República Cromagnon

193 mortos 700 feridos

Incêndio - República Cromagnon  







31/12/2004 Discoteca Republica Cromagnon (Buenos Aires). Vítimas: jovens. Saídas de emergência trancadas para evitar “penetras”. Falta de controle de entrada de material perigoso

Antes de falarmos do último incêndio, o da Kiss, vamos aos números do Brasil 





Número de vítimas (fogo, calor e fumaça) é baixo. 1000 vítimas fatais por ano (aproximadamente 0,5/100 000 habitantes por ano), semelhante aos dos países com menor índice. Isso permite nos preocuparmos principalmente com os locais com maior possibilidade de vítimas, pela fragilidade do ocupante: idosos, crianças, pessoas com perda de consciência (hotéis, hospitais, etc.), presença de muitas pessoas simultaneamente (locais de reunião de público). CONCENTRA-SE EM EVITAR PERDA DE VIDAS, ESPECIALMENTE NESSES LOCAIS, E PRESERVAR O BEM IMATERIAL (OBRAS DE ARTE, EQUIPAMENTOS HISTÓRICOS) PELOS NÚMEROS, É A MAIOR E DEVE SER A VERDADEIRA FUNÇÃO DO PODER PÚBLICO!

KISS: capa da revista “ÉPOCA”

Kiss - dimensões

Lotação de projeto (densidade indicada pela NBR 9077)

Lotação citada nos autos do IP

Saídas da Kiss (em conformidade com a NBR 9077)

Kiss - consequências

Arquitetura e a Kiss 





Na Kiss não havia um responsável pela segurança contra incêndio e havia saída obstruída. As larguras da saídas estavam dimensionadas segundo NBR 9077/01. Era uma lotação a ser respeitada ou uma indicação desatualizada ou equivocada da Norma? Arquitetura - Funcionalidades ausentes que afetaram: ausência de absorção acústica(“causa raiz”?), ausência de área para fumantes.

As pessoas tomam consciência dos riscos a que se expõe? O acesso às informações ajuda a prevenir?

2008 - Os ensinamentos

que podemos adquirir (pg 28)

Os incêndios acima citados (Ycuá Bolaños e Cromagnon, 2004) foram escolhidos.... ........... por haverem atingido locais de reunião de público, onde a possibilidade de ocorrerem vítimas pode ser potencialmente elevada. Foram aqui inseridos para nos questionar se que tragédias semelhantes poderiam ocorrer em nosso País, se analisamos e aproveitamos os ensinamentos dessas tragédias... ......... em locais de reunião de público ainda não temos um controle efetivo das lotações, não fornecemos adequada informação a seus frequentadores, para que eles possam sair em segurança e denunciar abusos, nem cuidamos adequadamente dos materiais de acabamento. (FALTA DE CONSCIÊNCIA) Esses incêndios apontam para uma medida de proteção contra incêndio essencial para essa ocupação, que falhou em ambos: o gerenciamento.

A grande lacuna a ser preenchida, pagina 33, final do mesmo artigo: Nos dois exemplos citados, os meios de escape existiam e estavam aparentemente bem dimensionados. Não foram utilizados em sua plenitude por ter sido fechados ou estarem obstruídos. E, finalmente, outro destaque que entendemos essencial deixar registrado, diz respeito à ausência de dados e ensinamentos retirados de nossos incêndios, os ocorridos no Brasil. Parca é a informação disponibilizada ao público, pelos corpos de bombeiros em especial, sobre as causas deste ou daquele incêndio, com ou sem vítima, os mecanismos de propagação, etc. Essas experiências, que ocorrem diariamente, infelizmente ainda se perdem pela ausência de sistemática investigação e divulgação.

Incêndio da boate Kiss  





Nenhuma pesquisa científica, que buscasse entender: o comportamento humano; os fluxos das pessoas no interior do estabelecimento; o desenvolvimento da queima e porque não ocorreu a inflamação generalizada, o chamado “flashover”; Os tempos de reação das diversas pessoas, em função de:    



gênero; idade; conhecimento anterior sobre o estabelecimento; Ingestão ou não de bebida alcoólica, etc.

Síntese: pagou-se um preço elevadíssimo em vidas e não coletamos todas as informações para que isso não volte a ocorrer.

Propostas Legislativo Federal (Lei 2020) 







§ 1° As normas especiais previstas no caput deste artigo abrangem estabelecimentos, edificações de comércio e serviços e áreas de reunião de público, cobertos ou descobertos, cercados ou não, com ocupação simultânea potencial igual ou superior a 100 (cem) pessoas. I - o estabelecido na legislação estadual sobre prevenção e combate a incêndio e a desastres e nas normas especiais editadas na forma do art. 2° desta Lei. II - as condições de acesso para operações de socorro e evacuação de vítimas. III - a prioridade para uso de materiais de construção com baixa inflamabilidade e de sistemas preventivos de aspersão automática de combate a incêndio (???).

Proposta de Código Nacional (Locais de Reunião de Público) I - as vias de acesso para veículos de socorro e emergência; II - a sinalização; III - os extintores de incêndio; IV - a iluminação de emergência; V - as saídas de emergência; VI - os detectores de calor e de fumaça; VII - os alarmes de incêndio; VIII - o sistema de hidrantes; IX - os chuveiros automáticos do tipo sprinkler; X - o sistema de exaustão de fumaça; XI - o controle de lotação; XII - o controle dos materiais de acabamento, de revestimento e termoacústicos; XIII - o plano de controle de emergência; XIV - a equipe de brigadistas, organizada de acordo com a legislação estadual ou distrital aplicável.

Síntese para o momento atual 







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Uma das proposta não fala sequer em priorizar a circulação (saídas). As “prioridades” são outras; Outra exige “tudo”, mas fala somente em “plano” e “brigadistas profissionais” (bombeiros civis). Se realmente um clube noturno, para funcionar em segurança, necessita de TUDO, não seria mais conveniente proibir sua existência (rsrsrs)? Onde vai se divertir o pessoal de menor poder aquisitivo? Só nos “pancadões? CLARAMENTE, NENHUMA FALA EM “GESTOR” E “GESTÃO DO SISTEMA E DA EMERGÊNCIA”. A TRAGÉDIA ESTÁ SENDO “USADA”? APRENDEMOS.........A APRENDER......?????

Obrigado pela atenção! [email protected]

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